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06 junho 2014

Why mayors should rule the world... II

Pequena reflexão do dia (porque afinal de contas também tem a ver com Lisboa):

Quanto à recente euforia dos dias que passam...

Até à data não me pronunciei sobre quem apoio, se Costa ou Seguro, pois me parece tratar-se de uma espiral de argumentação algo redutora. A pressão quase doentia na declaração de apoio a uma ou outra figura é, em si mesma, uma não opção. 

Ainda que exista na disputa, um carácter avaliativo muito próprio, entristece-me verificar os conflitos que o confronto de lideranças gera. O espírito de liberdade de expressão que me motiva a contribuir e me fez aderir ao partido socialista, faz-me preferir a posição de quem analisa mais dedicadamente os conteúdos e contribui com propostas para os programas políticos.

Construtivamente falando, temos de reconhecer e respeitar o trabalho desenvolvido por Seguro e a sua equipa, assim como, não podemos ignorar o carisma, convicção e dedicação que António Costa tem apresentado em Lisboa com os que o acompanham de perto.

A simples circunstância de "ter de optar" por Seguro ou por Costa não é apenas redutora em si mesma, como demonstra precisamente a falta de visão que o próprio mediatismo encerra sobre o PS e o País. Sobretudo tendo em conta, os tempos difíceis, como os que atravessamos. 

Ora, reconhecidas que são as qualidades de António Costa, não seria de esperar que apresentasse uma proposta política para o PS e para o País? Essa sim, é necessariamente a verdadeira matriz que importa comparar, para além das características intrínsecas de cada líder.
A par das possíveis equipas de trabalho, não serão essas as variáveis chave a ter em conta, como um todo, para a mais consciente escolha entre projetos políticos? Não é o PS um partido plural onde a riqueza dos seus projetos também advém pela valorização do trabalho coletivo?
Não será reconhecidamente uma posição defensável a de querer valorizar o bom trabalho da liderança de Seguro, pelas dignas propostas com as quais se empenhou (em iniciativas como o Laboratório de Ideias e Propostas para Portugal) no PS?
Não será também sensato, ambicionar o reforço da liderança do PS, com as inegáveis qualidades de António Costa, para a construção de uma alternativa forte e consistente?
Não será esta fase, uma forma de reforçar as ideias do socialismo democrático de modo a responder ao mais violento ataque ao estado social, desde o 25 de abril de 74, que o atual governo tem encetado com as suas ideias "peregrinas", dos últimos anos? 
Este governo não mais tem feito senão desrespeitar os pensionistas e reformados, ignorar a capacidade de trabalho dos jovens, criar conflitos institucionais graves num estado de direito, desrespeitar as dignas condições de trabalho, não considerar estruturas sindicais e parceiros sociais em sede de concertação social, desperdiçar a criatividade que em muito nos faz falta para a resolução dos nossos problemas estruturais. 
Assim sendo, qual é a questão central afinal?