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21 dezembro 2014

EMEL “oferece” estacionamento em Lisboa no Natal


Com vista a "apoiar o comércio local", a EMEL oferece o estacionamento na via pública no centro da cidade.
Para quê apanhar o metro quando se pode pegar no automóvel para ir às compras?
Era mesmo deste impulso ao comércio local que precisávamos. Obrigada.

Rua Garret em vésperas de Natal

19 dezembro 2014

Deixem-nos viver em Lisboa

A minha professora de yoga procura um espaço para dar aulas na zona da Baixa, Cais do Sodré, etc.

Apesar de ser uma zona da cidade com inúmeros espaços desocupados e ela ter um projecto válido, que oferece garantias, a tarefa tem sido extremamente difícil.

Espaços amplos, devolutos, alguns mesmo com painéis de azulejos e/ou frescos notáveis, não estão disponíveis para arrendamento.

A conversa é sempre a mesma: o proprietário parece não estar necessitado de dinheiro e prefere aguardar por qualquer coisa no futuro... afinal, o centro da cidade parece valorizar-se e sempre pode aparecer alguma ideia brilhante para o local... Ou sua, ou dos filhos ou de alguém que lhe queira comprar o prédio pelos valores milionários dos grandes negócios da Baixa.

O prejuízo coletivo devido a este cálculo particular sobre perspetivas de valorização, é difícil de quantificar, mas será qualquer coisa parecida com o incêndio do Chiado, mas multiplicado por todo aquele espaço devoluto (que é bem maior do que ardeu em 88) e por todas as décadas pelas quais este problema se arrasta.



É gigantesco e equivale a muitas tragédias juntas, com o "problema" de não ter o dramatismo de um incêndio ou de um tsunami, que talvez ajudasse a despertar a consciência dos cidadãos.

É gigantesco e prolonga-se no tempo porque temos elites (políticas e não só...) que para além de parecer não saberem fazer contas quando se trata do Bem Comum, sobretudo, consideram que o direito à propriedade é qualquer coisa de sacrossanto, ou é uma espécie de "principio básico", ou lei imutável, com que a cidade é obrigada a conviver.


Não pode ser assim.

No mínimo, para já, é preciso dizer: Com o direito à propriedade de um prédio na nossa Cidade - ainda para mais nas zonas mais nobres e emblemáticas - tem de vir acupulado o dever de não ter esse espaço devoluto, muitas vezes a degradar-se e a servir de abrigo a baratas e ratazanas.

Como forma de ressarssir os prejuizos inerentes aos devolutos e incentivar a colocação destes imóveis de volta à vida da Cidade, é necessário cobrar efectivamente impostos agravados sobre a propriedade devoluta.

É também importante alterar a Lei das expropriações, simplificando e agilizando procedimentos, bem como, em ultima análise, no estado em que continuam vastas àreas do centro da cidade, encarar a ocupação e revitalização de edifícios devolutos - nomeadamente usando-os para a habitação -  como um serviço público à Cidade.

01 dezembro 2014

Uma 2ª Geração de medidas para acabar com o marasmo

Duas das propostas às quais foram atribuídas verbas no âmbito do processo do Orçamento Participativo deste ano, foram da autoria de Rosa Félix, co-autra deste blog adormecido no éter da WWW.

São 2 propostas que se complementam.
Criar ligações cicláveis entre o eixo Av. Almirante Reis/Av. Guerra Junqueiro/Av. Roma e o eixo Av. da República/Av. Fontes Pereira de Melo/Av. da Liberdade, através da implementação de medidas de acalmia e de sinalética que promovam velocidades de circulação de tráfego abaixo de 30Km/h e lembre a partilha de espaço com bicicletas


Criar condições para a mobilidade ciclável no eixo Av. Almirante Reis/Av. Guerra Junqueiro/Av. Roma. Esta proposta implica:
a) a criação de um espaço canal próprio para bicicletas na Av. Almirante Reis (ou em faixas Bus onde não for possível); b) a criação de condições para a circulação de bicicletas em ambos os sentidos na Av. Guerra Junqueiro, e c) a criação de um percurso ciclável na Av. de Roma

São propostas importantes que esperamos ver implementadas em breve e não irem parar à gaveta dos projectos que venceram o Orçamento Participativo mas que nunca foram implementados...

Talvez não. São tudo projectos obvios e fáceis de executar.

Começando pelo mais evidente: a Av. de Roma, com as suas 3 faixas para cada lado tem espaço que chegue para mesmo os fanáticos do pópó não se incomodarem sequer com os habituais protestos.

O caso da Guerra Junqueiro é mais complexo, porque o nosso código da estrada não permite - ao contrário do que acontece em muitas cidades europeias - que as bicicletas circulem em sentido contrário ao dos automóveis.



Uma boa solução pode ser abandonar o estacionamento em espinha naquela artéria (pelo menos num dos lados), colocando-o paralelo ao passeio e libertando espaço para uma ciclovia bi-direccional... Ao mesmo tempo diminuia-se assim a presença automóvel naquela Avenida, que tem tanta vida, e que desta forma pode vir a tornar-se das mais agradáveis de Lisboa.

Finalmente, o caso da Almirante Reis, poderia passar pela implementação de uma faixa BUS em toda a Avenida em que pudessem circular os transportes públicos com mais velocidade e as bicicletas.

Se formos a ver bem não seria nada de muito extraordinário: Hoje em dia, os estacionamentos em 2ª fila quase que trasformaram aquela avenida numa artéria de 1 faixa para cada lado.

Creio que os logistas, incentivados por uma maior fiscalização, adaptar-se-iam rapidamente a fazer as cargas e descargas fora das horas de fluxo de transportes públicos (ocupando as faixas BUS) e os automobilistas em geral também saberiam encontrar alternativas... (por exemplo: não faz sentido que seja mais rápido ir da Alameda à Sé pelo coração da cidade, pela Almirante Reis, Praça da Figueira e subir pelo centro historico, do que pelos túneis das Olaias que eram supostamente as "auto-estradas da cidade".

Esta última reforma, ao contrário das outras propostas de banal implementação, seria de facto uma importante e estrutural marca na cidade.

Seria dar início a uma 2ª geração de medidas para se diminuir a carga automóvel em Lisboa e assim melhorar a qualidade de vida de quem cá mora... "2ª geração de medidas" essas que se estão a tornar cada vez mais urgentes para acabarmos de vez (outra vez) com o marasmo e voltarmos a sentir novamente aquele entusiasmo que houve há uns anos quando se inauguraram as primeiras ciclovias, limitou-se o transito no em importantes zonas da cidade como o Terreiro do Paço, Marquês de Pombal ou Duque de Loulé.  

Foto de um passado que já parece ter sido há muitos, muitos anos atrás...

26 novembro 2014

Tuk-tuks e as bicicletas, the new kids in town

Tenho acompanhado a polémica dos tuk-tuks (a moto-furgoneta para turistas na foto) em Lisboa com um sorriso no canto da boca. O debate chegou à Assembleia Municipal, que avançou com várias propostas para o executivo da CML. Pedem-se regulamentos, fixação de horários, de percursos e de um limite máximo para o número deles, e até que os restantes lisboetas paguem (vulgo "incentivos fiscais") para que passem a ser eléctricos.
Quais são afinal as queixas? Poluição sonora, poluição atmosférica, estacionamento caótico, congestionamento, destruição de calçadas, atentado à privacidade nos bairros históricos; todas queixas válidas, nenhuma delas exclusiva aos tuk-tuks. O enorme número de automóveis na cidade de Lisboa causa isto tudo e mais. Ajudado por muitas das motas na poluição sonora, o automóvel consegue um impacto bem mais forte (a destruição das calçadas é o exemplo mais ridículo, basta olhar para a foto para perceber a diferença), só que... esses já cá estavam. E são quem manda na cidade.
As soluções que são propostas pela AML espelham bem isto. Repare-se que aplicar as leis já existentes seria suficiente para reduzir estes impactos negativos, disciplinar os tuk-tuks e conter a sua proliferação. Se um tuk-tuk for efectivamente proibido de estacionar ilegalmente, dificilmente poderá a continuar a funcionar como funciona hoje. Mas aplicar as leis já existentes (ruído, estacionamento, restrições ao trânsito) também seria chato para... (sim adivinharam) para o automóvel. Os novos regulamentos são uma maneira de contornar isso, tratando como diferentes, incómodos que são bem semelhantes.
Toda esta discussão é semelhante à aversão à bicicleta. Apesar de causar menos congestionamento, e de os seus desrespeitos à lei serem em menor número e com uma gravidade incomparavelmente menor, são essas as duas maiores queixas que se ouve por aí. O problema não é o congestionamento, ou os vermelhos passados - isso são apenas desculpas - o problema é que a cidade pertence aos carros na cabeça de muita gente, e os outros só vieram chatear.

24 setembro 2014

Ambiente, para que te quero?

Sob o manto da implantação de uma Academia da Fundação Aga Kahn, a Câmara de Cascais pretendia aumentar a área urbanizada, à custa de áreas REN, RAN e solo de alto valor agrícola. A intenção foi travada face à contestação, que se materializou numa petição contra essa intensidade de urbanização (e aumento de redes viárias) pretendida a reboque de um projecto tão nobre. No entanto, há ainda vozes que dizem que o ambiente [neste caso o ordenamento do território e a necessidade de zonas com baixa densidade de construção e permeável] é um entrave ao desenvolvimento. 
O entrave é quando não existe planeamento a médio e longo prazo e se cai no populismo de obra feita rapidamente, sem atender ao que a natureza vem depois reclamar como seu. Não são sarjetas mal limpas a causa de inundações em Lisboa como se registou no dia 22 de setembro passado, ou das cheias que ocorreram há anos na Madeira. São obras de impermeabilização interminável, sem incluir medidas de retenção das águas.
Uma cidade não pode ser só estrada e edifícios.  
Uma cidade desenvolvida e madura tem que permitir construção, mas também zonas permeáveis, garantindo uma resposta adequada a eventos climáticos extremos, como chuvadas intensas num curto período de tempo (com tendência a intensificar, face aos cenários previstos pelas alterações climáticas).
A permeabilidade de zonas na cidade passam pela sua humanização, incluindo a promoção dos transportes mais suaves em detrimento do automóvel, mas também promovendo os espaços verdes.
Quando recebemos queixas de pessoas que pedem para substituir o espaço verde em frente a sua casa por lages de pedra, para que o lixo que as pessoas deitam pelas janelas seja facilmente lavado com água, ou quando nos pedem para cortar árvores só porque sim, porque já há muitas na freguesia e não são precisas tantas, sabemos que há um longo caminho a percorrer.
Mesmo assim, o preocupante é quando um ex-autarca de Lisboa atribui a culpa das inundações de dia 22 de setembro à falta de limpeza de sarjetas. É fácil apontar o dedo. O difícil é ter a ousadia de promover as transformações positivas que a cidade de Lisboa tem recebido nos últimos anos. Haja coragem política e visão do seu Presidente da Câmara e da sua equipa. 
O paradigma alterou-se e há quem continue a resistir. Mas o futuro tem que forçosamente de mudar, mesmo podendo não ser populista, mas pelo bem-estar a longo prazo de todos. Se não for por nós, a mudança será feita pela força da água, que leva tudo atrás.   

Leituras recomendadas:

21 setembro 2014

The "Public" Lisbon

Mais um ano e mais uma Semana Europeia da Mobilidade cheia de iniciativas.
Ficam fotos do Lisboa Ciclável que este ano, com um enquadramento diferente, demonstra o enorme potencial do espaço público lisboeta. 
Muito trabalho há ainda a fazer, mas é visível a determinação técnica e política na valorização do espaço humanizado, à escala do peão e do utilizador da bicicleta. Assim se fazem votos para que nestes passos se continue a pensar na Lisboa dos encontros e estadia, no desenho urbano que privilegie a mobilidade sustentável e a riqueza da mistura dos usos do solo.








Não é por acaso que surgem candidaturas tão distintivas como a Lisbon Velo-City 2017, cujo mote muito contribui para a continuidade das politicas públicas até então traçadas:
Increasing the bicycle network from 10km to 60km in 6 years, renovating public space in the downtown area, with less cars and slowing down traffic, building 5 new bicycle bridges and a greenway network; this was only possible because of strong public commitment. 
Assim continue a determinação e o trabalho para cumprirmos a aspiração de uma Lisboa de Bairros (Uma Praça em cada Bairro) e de uma Lisboa comunitariamente inclusiva.

06 junho 2014

Why mayors should rule the world... II

Pequena reflexão do dia (porque afinal de contas também tem a ver com Lisboa):

Quanto à recente euforia dos dias que passam...

Até à data não me pronunciei sobre quem apoio, se Costa ou Seguro, pois me parece tratar-se de uma espiral de argumentação algo redutora. A pressão quase doentia na declaração de apoio a uma ou outra figura é, em si mesma, uma não opção. 

Ainda que exista na disputa, um carácter avaliativo muito próprio, entristece-me verificar os conflitos que o confronto de lideranças gera. O espírito de liberdade de expressão que me motiva a contribuir e me fez aderir ao partido socialista, faz-me preferir a posição de quem analisa mais dedicadamente os conteúdos e contribui com propostas para os programas políticos.

Construtivamente falando, temos de reconhecer e respeitar o trabalho desenvolvido por Seguro e a sua equipa, assim como, não podemos ignorar o carisma, convicção e dedicação que António Costa tem apresentado em Lisboa com os que o acompanham de perto.

A simples circunstância de "ter de optar" por Seguro ou por Costa não é apenas redutora em si mesma, como demonstra precisamente a falta de visão que o próprio mediatismo encerra sobre o PS e o País. Sobretudo tendo em conta, os tempos difíceis, como os que atravessamos. 

Ora, reconhecidas que são as qualidades de António Costa, não seria de esperar que apresentasse uma proposta política para o PS e para o País? Essa sim, é necessariamente a verdadeira matriz que importa comparar, para além das características intrínsecas de cada líder.
A par das possíveis equipas de trabalho, não serão essas as variáveis chave a ter em conta, como um todo, para a mais consciente escolha entre projetos políticos? Não é o PS um partido plural onde a riqueza dos seus projetos também advém pela valorização do trabalho coletivo?
Não será reconhecidamente uma posição defensável a de querer valorizar o bom trabalho da liderança de Seguro, pelas dignas propostas com as quais se empenhou (em iniciativas como o Laboratório de Ideias e Propostas para Portugal) no PS?
Não será também sensato, ambicionar o reforço da liderança do PS, com as inegáveis qualidades de António Costa, para a construção de uma alternativa forte e consistente?
Não será esta fase, uma forma de reforçar as ideias do socialismo democrático de modo a responder ao mais violento ataque ao estado social, desde o 25 de abril de 74, que o atual governo tem encetado com as suas ideias "peregrinas", dos últimos anos? 
Este governo não mais tem feito senão desrespeitar os pensionistas e reformados, ignorar a capacidade de trabalho dos jovens, criar conflitos institucionais graves num estado de direito, desrespeitar as dignas condições de trabalho, não considerar estruturas sindicais e parceiros sociais em sede de concertação social, desperdiçar a criatividade que em muito nos faz falta para a resolução dos nossos problemas estruturais. 
Assim sendo, qual é a questão central afinal?

19 maio 2014

Transportes na «Casa da Cidadania»

Inicia-se amanhã pelas 18h00 um ciclo de quatro debates na Assembleia Municipal de Lisboa referente aos Transportes nesta cidade e no âmbito das sessões temáticas da, muito nobre e justamente aclamada, «Casa da Cidadania».

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Aproveitando a divulgação e convite da AML, aqui fica o contributo para divulgar os temas em agenda:

Debate Temático - os transportes em Lisboa
1.ª sessão – dia 20 de Maio, 18h00
os transportes que temos e como funcionamPainel, moderado por Helena Roseta, Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa
Germano Martins, Presidente do Conselho Executivo da AMTL - Autoridade Metropolitana de Transportes de Lisboa
Vasco Colaço, Presidente da DECO - Associação de Defesa do Consumidor
Sérgio Monte, Presidente do SITRA, Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes e membro do Secretariado Executivo da UGT
José Manuel Oliveira, Coordenador da FECTRANS, Federação dos Sindicatos de Tranportes e Comunicações e membro da Comissão Executiva do Conselho Nacional da CGTP
Carlos Carvalho, Engenheiro, especialista em transportes e membro do Conselho Geral da EMEL
2.ª sessão – dia 27 de Maio, 18h00
o sistema de mobilidade urbana na AML: quem faz o quê e quem paga
3.ª sessão – dia 3 de Junho, 18h00
organização e financiamento do serviço de transportes colectivos em áreas metropolitanas4ª sessão – dia 24 de Junho, 18h00
a experiência europeia e os desafios para Lisboa

30 abril 2014

Velocidadas praticadas numa avenida de Lisboa

A MUBi fez um levantamento (inserido num relatório sobre a nova ciclovia) sobre as velocidades praticadas pelos automobilistas na Av. Infante D Henrique.
O gráfico diz muito sobre a nossa cidade, sobre as escolhas da polícia (que não fiscaliza) e da CML (que insiste em ter dezenas de avenidas urbanas com perfil de auto-estrada), e sobre as causas da sinistralidade e a insegurança dos peões e ciclistas.

10 fevereiro 2014

"Eu Fico"

Muito se falou durante a campanha eleitoral se António Costa ficava na câmara depois de ser eleito ou se Semedo estaria a aproveitar a campanha de Lisboa para ter mais visibilidade ou se queria mesmo ser eleito Vereador...

Passou neste debate, pelas gotas da chuva, João Ferreira, conhecido na altura como o mais sexy candidato das autárquicas, que fez uma campanha praticamente unipessoal, a ponto de na noite eleitoral, em que a CDU elegeu 2 Vereadores para Lisboa, ninguém conseguir dizer ao certo quem era afinal o nº2 eleito...



Ora, João Ferreira, Vereador da CML que assina artigos de opinião simplesmente como "Eurodeputado do PCP", será hoje apresentado como cabeça de lista da CDU às próximas eleições europeias.

06 fevereiro 2014

Faculdade de Belas Artes luta pelo Chiado



A Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL) encerrou hoje em protesto contra o projecto do Governo em alargar as instalações do Museu do Chiado para o convento ocupado pela escola.

As notícias não referem se o Governo já tem alternativa para a FBAUL ou se pura e simplesmente pretende arrumar a instituição numa ou duas alas do convento... afinal, imagino que as Belas Artes, à semelhança das Ciências Siociais, também não devem passar pelo crivo apertado de Passos, Pires de Lima e Nuno Crato sobre a "formação próxima da vida real".

No entanto, em abono da verdade, há que reafirmar que o Museu do Chiado necessita de mais espaço para expor ao publico o seu acervo de arte moderna e contemporânea que estará na sua grande maioria encaixotado.

Por outro lado, o belíssimo Convento de São Francisco, com certeza já não será hoje o espaço ideal e suficiente para o ensino artístico de hoje que, em muitas vertentes, tem outras necessidades - nomeadamente a nível de tecnologias - que não tinha há 20 anos atrás.

Na verdade, o Chiado é um território valioso, muito apetecível, mas, claro, escasso.

A sua gestão e a forma como ele vai ser ocupado tem de ser debatido e ponderado por todos, sendo obviamente condenável este tipo de decisões entre ministros e secretários de estado, à revelia da própria Universidade e, ainda mais grave - questão que não tem aparecido nas notícias - à revelia da própria Cidade ou, se quiserem, da Câmara Municipal.

Eu diria que nem toda a colecção do Museu do Chiado nem toda a Faculdade de Belas Artes podem continuar ali... Mas em minha opinião, a continuação de uma escola de ensino superior público no Chiado é extremamente importante porque serve como mais uma (das poucas) âncoras do Centro de Lisboa que, com o aumento exponencial do turismo, corre cada vez mais o sério risco de naufragar no mar perigoso das cidades-delicodoces-artificiais-para-turista-ver.  

 

31 janeiro 2014

Um passeio pelo Campo Grande



Consegui finalmente visitar o jardim do Campo Grande após as obras parciais de requalificação, para confirmar aquilo que já se tem dito e escrito por aí: Ainda há muito por fazer, mas as coisas vão no bom caminho para voltar a dar vida a um parque que tem estado ao abandono há anos e anos.

Os relvados elevados na periferia do parque cria uma divisão bem conseguida entre o jardim e a autoestrada que por ali passa.

O "parque para cães" é uma excelente iniciativa e estava a ter bastante utilização na tarde em que lá fui.

Os novos campos de padel são uma iniciativa arrojada, uma vez que o  não é um desporto muito popular, mas a orientação é acertada: Qualquer parque, para ter sucesso, tem de atrair utilizadores e são as pessoas que trazem mais pessoas, uma vez que um parque vazio afasta gente... quanto mais não seja por razões objectivas de segurança. Ora, numa fase de arranque, atrair "utilizadores de nicho" como praticantes de padel, que não têm na cidade equipamentos como aqueles, parece-me ser uma boa estratégia. Spots para brincar com o skate, fazer parkour ou escalada (ou uma mistura criativa dos 3), era uma ideia que tenho pena que ninguém agarre...

Depois há o lago, claro. Agora não lhe acho piada nenhuma, mas a primeira vez que entrei num barco foi ali. Não sei que idade tinha, mas lembro-me que aquilo para mim foi quase uma experiência mágica...

Finalmente, apesar de ser só um pormenor para a maioria das pessoas, os parques para bicicletas estão um espectáculo. Desenhados por alguém que realmente percebe alguma coisa de como prender uma bicicleta em segurança na cidade.


Do lado negativo realço, como disse, o enorme atraso que ainda há na requalificação total do jardim, nomeadamente com a resolução dos problemas da piscina e do Caleidoscópio.

Há, para além disto, um problema estrutural grave que é a barreira de alcatrão entre a cidade do quotidiano e o parque: 7 faixas (largas, como se usa cá em Lisboa, para os automobilistas sentirem-se mais à vontade), com transito rápido, tive de eu atravessar em passo de corrida para chegar ao outro lado.

Finalmente, fala-se sempre da piscina e do Caleidoscópio... mas e a espectacular Casa de Função, situada estrategicamente à beira da Alameda da Universidade? O abandono é total e para aqui não haverá a desculpa de processos pendentes em tribunal (caleidoscópio) ou a falta de investidores (piscina).


Não faltarão, com certeza, projectos comerciais para aquele espaço único. No entanto, a Câmara poderia, à semelhança do que se está a fazer para a carpintaria de S. Lázaro, lançar um concurso público em que valorizasse (para além da renda) os projectos e a capacidade de levar a bom porto esses projectos, que as pessoas tivessem para ali.

Eu, naquele jardim, à beira de uma ciclovia, da Universidade e de uma via em que é urgente acalmar o trânsito rodoviário, incentivaria para ali a instalação de uma oficina comunitária de bicicletas, como a dos Anjos, que tem tido enorme sucesso.

Os ciclistas são uma "tribo urbana" altamente empenhada e dinâmica. Uma cicloficina, articulada com um espaço de convívio e comes e bebes, daria àquela parte do jardim uma movida extraordinária, do tipo que existe em tantas cicloficinas por todo o mundo e que poderia contagiar positivamente o resto do parque e até a alameda da cidade universitária.

10 janeiro 2014

Planos em discussão pública

09 janeiro 2014

A propósito do Cinema Londres

Fotos do google street view de algumas das Avenidas mais importantes de Lisboa: Avenida de Roma (Cinema Londres na imagem), Avenida Fontes Pereira de Melo e Avenida da República
Mais um Cinema que fecha, desta vez o "Londres". Na internet, da esquerda à direita, chora-se o facto consumado. Eu incluído.
Mas a pergunta que faço é esta: o que é que se espera de Avenidas como estas onde todo o espaço é ocupado para o automóvel e os passeios são apenas o que resta? Que o comércio revitalize? Que abram esplanadas e lojas com montras apelativas? 
Sejamos francos: se queremos revitalização do comércio e dos serviços temos que fazer escolhas. Não vale a pena é queremos tudo e depois ficarmos sem nada.

05 janeiro 2014

«O sistema...»


Tive a fazer um pedido de plantas no edifício do Campo Grande da CML.

A certa altura tenho de dar os meus dados pessoais - as mentes burocráticas da Administração Pública (e não só) acham sempre evidente que tenhamos de passar a vida a dar um conjunto de dados que eles, aliás, nunca vão dar uso ou tirar qualquer tipo partido - dar dados pessoais tão específicos como a minha Junta de Freguesia, para além da minha morada...
 
«- Avenidas Novas
- Não, a antiga Junta de Freguesia...
- Mas essa já não existe. Agora é Avenidas Novas
- Mas o sistema só permite colocar as antigas...
- Então meta Fátima. Acho que é Nossa Senhora de Fátima mas não tenho a certeza...
- Isso também não tem importância nenhuma...»

02 janeiro 2014

As causas da poluição da Avenida da Liberdade

Para além do número de veículos sobre as quais têm sido tomadas medidas com êxito, há uma razão morfológica muito forte para a qual o urbanismo nos últimos 40 anos muito tem contribuído para agravar.
O aumento da cércea levou a que as brisas de encosta deixassem de funcionar da melhor forma e os poluentes tenham muita dificuldade em serem drenados lateralmente. Para esta drenagem contribuem as zonas verdes localizadas nas encostas da Avenida, tais como o Jardim Botânico ou muitos dos logradouros e quintais permeáveis.
Do ponto de vista da redução da poluição, e não sendo previsível que possa haver uma redução de cércea, resta para o futuro garantir que pelo menos não haja mais aumentos de cércea no edificado existente e no que respeita às medidas de minimização passiveis de serem activadas, não resta outra solução que não vocacionar todos os esforços para a redução das emissões rodoviárias. 
É muito fácil olhar para o arvoredo da Avenida e culpá-lo da má drenagem atmosférica. Não digo que no Verão, e com toda a folhagem das árvores "activa", não possa haver uma pequena percentagem de acumulação que esteja relacionada, mas efectivamente as cérceas do edificado são, e de longe, a grande barreira à drenagem na Avenida.